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Ficção Real 08 – Divagações no vale contaminado

Acordei novamente no Nexus, o único lugar seguro do mundo.Ver novamente aquelas paredes cinzas e monótonas me dá desânimo, mas tenho de continuar com a minha missão. As pessoas que estão lá dependem disso para terem uma vida nova. O medo toma conta do lugar, pois são pessoas às vezes despreparadas, às vezes cautelosas, às vezes covardes. O velhote barbudo parece ser o único que está indiferente, talvez por ser o único que ainda consegue lucrar nessa desgraça toda. De vez em quando eu vejo alguns outros viajantes, mas é bizarro, pois são apenas vultos brancos passando por aquele lugar, caminhando, correndo… podem ser apenas alucinações da minha cabeça.

Hoje iria tentar novamente procurar algo que preste naquele pântano dos infernos! O lugar que parece ter sido projetado pelo capeta. Aquela chuva e escuridão eterna, fora o pântano. Ah sim, o pântano, altamente venenoso para quem não está preparado. Iria usar novamente aquela armadura que consegui ao derrotar aquele cara da cela. Ele não me parecia confiável, e por isso optei pelo embate. Não há em quem confiar muito nas pessoas que encontramos por aí, ainda mais um cara preso. Ele pode ter feito algo errado. Já a bruxa, que não me lembro direito o nome, parece ser confiável, pois estava sendo mantida em cativeiro no alto da torre do Palácio de Boletaria. E nem perguntei o nome dela. Que falta de educação da minha parte! O problema é que em situações extremas a gente se esquece da própria sanidade para pensar na sobrevivência.

Poderia seguir na minha missão, mas acho que poderia vasculhar um pouco aquele pântano maldito. Fui até lá e parece que nada mudou. A névoa ainda é implacável, e parece que ela traz os “habitantes” de volta. Aqueles magricelas narigudos aparentam ser inofensivos, mas carregam facas envenenadas e outras vezes uma lança com uma tocha na ponta. O caminho inicial e seguro era numa ponte que parece que vai cair, de tão podre que está a madeira, presa porcamente num paredão de pedra. Mas parece que a névoa também influencia nessa ponte improvisada, a única rota segura para os aventureiros não se ferirem no chão.

O magricela narigudo estava esperando num lugar escondido, mas sabia que ele estava lá. Conheço esse lugar como ninguém, mas parece que quanto mais andamos por ele mais rotas e lugares são descobertos. Igual no “Santuário das tempestades”, onde andei passeando por lá procurando algo pra fazer. Tinha aquele cara de cabelos brancos, o tal do Satsuki. Ele chegou com uma conversa estranha sobre uma espada mágica e que eu não tinha conseguido para ele antes. Ele decidiu me atacar do nada, e obviamente tinha de manter a minha integridade física. O embate foi relativamente fácil, diferente do cara com o escudo que tinha encontrado algum tempo atrás, no mesmo santuário, lá embaixo. Quando o vi eu ataquei achando que era um inimigo, mas acho que não era. Tentei dialogar mas ele me viu como um ser hostil, e quando passava por perto ele sempre tentava me matar. Não tive mais opções a não ser lutar contra ele. Mas estou fugindo do meu objetivo, que era o magricela com a lança. Sabe como é: temos de construir casas seguras na sua mente antes que aquele lugar destrua-a completamente.

Estava com o arco e flecha e dar o primeiro tiro é sempre fácil. O difícil é ver ele correndo na sua direção com a lança empunhada, naquela ponte improvisada. É de gelar a espinha! Dei o segundo tiro e errei. O terceiro foi certeiro, antes que ele me trespassasse com aquela lança bizarra. Sei que a armadura me ajudaria a resistir esse golpe, mas a força do impacto poderia me derrubar daquela ponte. Não poderia cair. A lembrança daquele fantasma vermelho e preto com aquela espada gigante ainda está vívida na minha cabeça. O cara ainda está lá, no final do pântano, mas não tenho coragem de ir lá de novo. Não agora.

Continuei com o meu objetivo, passando pela ponte que eu tinha descido anteriormente. Aquele dia foi terrível, mas que foi um teste de perícia, sorte e coragem. Os aventureiros tem de ter muita coragem para enfrentar os inimigos, principalmente as versões tamanho família dos magricelas, carregando toras enormes de madeira e que correm com habilidade naquele pântano, diferente de mim. Parece que todas as suas forças se esvaem quando entramos naquela água, tendo de passar lentamente pelo lugar…

Após a ponte apareceu mais uma daquelas lagartixas brilhantes que estão em todo lugar. Mas parece que a névoa não tem incidência sobre elas, pois em alguns lugares que eu estava indo diversas vezes elas desapareciam. Não via mais nenhuma viva, e elas são um dos 2 tipos de monstro que não te atacam. O outro se parece com um Tatu cheio de tentáculos e sem olhos. Deu até dó matar aqueles bichos, mas me falaram que era necessário para pegar a sua alma. Almas, a moeda de troca nesse mundo sombrio. Eu mato um daqueles magricelas e ganho algumas almas. Com outros inimigos mais poderosos eu consegui algumas “almas especiais”, mais poderosas, que usei como moeda de troca para conseguir mais milagres. Eu consegui aprender todos os milagres possíveis, mostrando que sou um homem de fé. Fé é algo que tenho de ter para poder sobreviver nesse vale contaminado.

A lagartixa estava lá parada, e mirei em sua direção. Novamente errei por pouco e ela desatou a fugir. Decidi matar ela, pois os cristais que estão em seus corpos são úteis para levar para aquele velho barbudo e o seu irmão, que são ferreiros. O problema é que a lagartixa corre rápido demais. Em frações de segundo ela iria fugir. Frações de segundo são essenciais em Boletaria. Foram 2 tiros certeiros, onde o primeiro deixei ela desnorteada. O segundo foi fatal para ela.

O corpo estava a poucos metros de distância, mas tinha de ter cautela. Havia outro daqueles magricelas mais à frente, de costas. Encerrei rapidamente com a vida dele para poder coletar o meu espólio. Fora 2 pedras, sendo uma que reconheci como um Pure of Faintstone. Uma pedra não tão rara, mas que é um lucro enorme nesta incursão. Obviamente não tinha cumprido o meu objetivo, que era ir para um local seguro e alto para atirar com flechas em alguns daqueles grandalhões com suas toras de madeira, que estão no chão perto de alguns corpos que podem ter algum item útil. Mas acho que poderei fazer isso depois, e irei voltar ao Nexus para descansar um pouco.

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