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Youtube endurece os direitos autorais; canais de games sofrem impacto

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Antigamente a maioria ignorava os Youtubers. De uma época que alguns faziam vídeos apenas por diversão à profissionalização de muitos canais hoje eles estão em voga e muitos sites e jornalistas também aderiram ao sistema de vídeos mais famoso e acessado da atualidade. Como aconteceu com o Google, acredito que ninguém mais consiga viver sem o Youtube. É a primeira opção para procurar algum vídeo de gameplay, a maioria das empresas tem canais oficiais com divulgação de vídeos, e sites grandes como o IGN e Gamespot também possuem contas oficiais lá com vídeos oficiais das produtoras e conteúdo exclusivo, muitas vezes no molde dos “Let’s Play”, onde o jogador faz o vídeo jogando e comentando ao mesmo tempo. A gente também está lá, apesar de ultimamente só ter mandado gameplays puros de Guild Wars 2 às vezes. Por ter poucos assinantes por lá acabo tendo mais liberdade, mas confesso que é mais fácil ainda fazer um post do que editar um vídeo (e também eu tenho um pouco de preguiça, aliada à minha falta de tempo que deve ser resolvida em fevereiro, junto com o meu provável desemprego. Mas relevemos por enquanto!).
Com o Youtube podendo monetizar os vídeos, muita gente viu a oportunidade e se profissionalizou. Muitos conseguiram uma audiência que muitos sites não conseguirão ter e com isso muita gente também tenha entrar na onda, sendo que com isso a bolha começou a encher. Se antes eram os blogs (vi diversos blogs importantes morrerem nesses 6 anos como editor de conteúdo) hoje são os Youtubers, e muitos morrem na praia por não terem conseguido grana um lugar ao sol nesse mundo competitivo, fora os próprios investimentos em PCs melhores e placas de captura.
A situação andava relativamente bem e controlável até a Nintendo fazer a primeira cruzada contra eles, reivindicando direitos autorais dos seus vídeos e tirando a publicidade dos Youtubers. A choradeira foi enorme e muitos já desanimaram em fazer vídeos pra Nintendo, e aparentemente ela tinha voltado atrás. Mas agora temos uma nova cruzada, e essa veio pra ficar. O Youtube tem um poderoso algoritmo de detecção que grandes empresas de mídia usavam e recentemente eles fizeram mudanças, abrindo a chance de que outras entidades e empresas possam reivindicar os direitos autorais de suas músicas e conteúdo, e o trator do ContentID veio com força. Nos últimos dias muitos Youtubers e sites começaram a perder vídeos e faturamento, pois o vídeo pode até permanecer, mas a grana não vai mais para o bolso do Youtuber. O sistema é tão poderosos que, em um vídeo do Fallout 3 do C.Aquino, ele detectou uma música de fundo de uma sala no Fallout 3. Durante o gameplay comentado, começou a tocar ao fundo a música da Billie Holiday. Coloque a partir do 4:58:

Já os Youtubers com walkthroughts (progressões completas) receberam notificações em massa:

Youtube Claims Copyright

E até a revista Game Informer recebeu uma notificação de um “vídeo de Let’s Play”. Se até um dos sites mais importantes dos EUA teve isso, fico imaginando o usuário comum.
Algumas empresas de games, claro, não começaram essa cruzada e estão do lado dos Youtubers e jogadores. Empresas como Ubisoft, Capcom, Blizzard e Rebellion deram OK pra monetização e tanto a Capcom como a Blizzard pediram para os Youtubers disputarem os vídeos para eliminar também as “requisições falsas” de empresas menores querendo faturar em cima dos vídeos dos jogadores. Assim as produtoras de games liberam os vídeos, pois sabem também que é uma poderosíssima ferramenta de publicidade. O que é mais interessante para uma empresa: gastar uma grana enorme num comercial de um grande canal de TV, ou mandar um jogo para um Youtuber famoso e, se ele gostar do game, recomendar para 40 a 150 mil pessoas? Fácil responder, e também editar um vídeo com qualidade não é tão fácil. Os canais mais famosos tem vinhetas exclusivas e animações e conseguem participações especiais. Um exemplo: o Danilo Gentilli, da Band, jogando Dark Souls com o pessoal do Omelete essa semana.
Aparentemente em janeiro o Youtube avaliará manualmente cada vídeo que o usuário tenha interesse em monetizar, podendo demorar de 2 a 48 horas, e será um tiro no pé. São centenas de milhares de requisições a todo instante, e por mais que o Google tenha uma empresa grande, fazer isso manualmente é insano. Só que também existem os direitos autorais, e as empresas estão reivindicando o que é delas. O artista teve custo pra produzir uma música, pra gravar, lançar e vender, e por mais que existam gravadoras draconianas e a maior parte dos modelos atuais de negócios não conseguem vencer a internet atual, elas acabam partindo pra guerra. O ideal seria fazer o que a maioria das empresas fazem: pedir liberação e/ou pagar pra usar as músicas quando usam composições de terceiros, e hoje está mais fácil detectar quando que aquele vídeo tem aquela música. O Google, claro, vai ficar do lado da indústria fonográfica e das mídias, praticamente transformando o Youtube em um canal de TV com regras mais rígidas.

YouTube - Sistema de ContentID

Já as alternativas são poucas e muito pouco práticas, pois o Youtube é a melhor plataforma de vídeos da atualidade. Diversas resoluções para um vídeo enviado, a própria monetização para quem faz o próprio conteúdo e tem um player otimizado e que funciona em praticamente todos os navegadores e dispositivos, sem travar. Eu já fico desanimado em querer abrir vídeos do Vimeo (por exemplo), por conta deles serem “mais pesados”, fora a internet capenga que infelizmente tenho de ter por questões de custo. E a própria internet no Brasil, que, de forma geral, está abaixo da qualidade esperada pelos usuários e as operadoras só fazem investimentos em capitais por conta da concorrência enorme entre as empresas de lá.
Com essa nova investida, muitos Youtubers vão dançar nessa e outros tomarão mais cuidados quanto a isso. Mas a tendência é ver muitos canais de games morrerem na praia depois dessa, pois dificilmente um Youtuber profissional vai fazer vídeos pra não ganhar nada ou ver o trabalho dele indo pro limbo por ele ter usado, sem perceber, uma música com direitos autorais. Games também são assim e muitas vezes não permitem o uso e a comercialização de outros aspectos, tendo de ser usado mais para jogar. Com os Youtubers hoje, sempre existem e existirão margens para interpretações e problemas relacionados.
[Imagens via Rego Korosi e TecnoArk]

3 comentários em “Youtube endurece os direitos autorais; canais de games sofrem impacto”

  1. Ursinhomalvado

    É triste, mas faz parte do jogo. Imagino que mesmo as músicas tendo sido licenciadas pelas produtoras dos jogos, foram licenciadas para a execução do jogo e divulgação, não para vídeos que são monetizados a parte. Se você usa o material de outro para ganhar dinheiro, é justo compartilhar o que ganha. Me parece que o que está acontecendo é que todo o dinheiro é desviado para a empresa que reclama seus direitos, o que também é errado, claro.
    Dizer que ter seu jogo “divulgado” no Youtube é bom, é relativo. Muita gente pode detonar um jogo simplesmente por não ter gostado (gosto pessoal). Isso é divulgação? Até entre os profissionais isso acontece, como gente reclamando do GT6 por ele ser, GT6! Não dá pra avaliar um jogo pelo que você gostaria que fosse, mas pelo que ele é. É como se eu começasse a avaliar FPS. Começaria dizendo que não presta e não vale a pena.

    1. Por isso eu não faço posts e nem avaliações de jogos de estratégia, pois é um estilo que eu não curto e dificilmente irei curtir no futuro E realmente você tem razão: reclamações acontecem em qualquer lugar.
      Sobre desvios de grana, pro Youtuber fica ruim, mas acho que ele desconhecia sobre os direitos de uso. Pra gente aqui é fácil quando a gente posta scans da Game Informer e a revista vem com o cajado do processo querendo te bater, e até mesmo em fotos a situação pode ficar pior. E tem empresas de games que categoricamente não querem que os vídeos sejam monetizados. A ArenaNet (do Guild Wars 2), a Naughty Dog, e a Bethesda que tem um NDA enorme pro beta do Elder Scrolls Online, o que até desencoraja os jogadores a jogarem (quando querem compartilhar o gameplay), mas não os impede de compartilhar a experiência textual no Neogaf e similares.

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